EXEMPLO DE VIRTUDE


A Vida de Santa Maria Goretti


A Família Goretti

 

Maria Goretti, familiarmente chamada Mariazinha, nasceu em Corinaldo, na Itália, no dia 16 de Outubro de 1890. Seus pais chamavam-se Luís e Assunta. Luís ficou órfão de mãe aos 15 anos. Tinha um caráter simples e paciente, buscando na fé força para enfrentar as muitas dificuldades da vida: doenças e morte de pessoas queridas, pobreza e labuta diária, mudanças contínuas, situações de injustiça e de exploração. Era para todos o ponto de referência simples e respeitado. Apresentava-se com uma autoridade feita de exemplo, de justiça, de fé e de grande bondade. Luís não teve uma moradia estável. Sempre partiu sem saber para onde ia, confiante num "Deus que provê sempre".

Com trabalho e oração, enfrentou a nova situação, procurando sustentar a família que estava crescendo. Todas as noites, Luís reunia a família para rezar o terço. Ele mesmo dirigia essa oração, e dela conseguia força e luz para cumprir a vontade de Deus em sua vida e na de sua família.

Luís morreu, durante o trabalho, com apenas 41 anos de idade, numa tragédia que envolveu milhares de trabalhadores e vítimas daqueles que desafiavam os pântanos da malária.

Seu exemplo orientou a vida de Mariazinha e ajudou em sua santificação, já que esta se alimentava fortemente da santidade do pai.

Sua mãe Assunta, ainda pequena, foi abandonada pela mãe diante da "Casa dos Expostos", destinada a acolher crianças abandonadas.

Sua vida, desde cedo, foi marcada por inúmeras cruzes, mas também de uma fé cristalina acrescentada de uma humanidade fortalecida pelas provações. Passou sua infância vagando de uma família para outra, até ser entregue a um casal sem filhos, já idosos. Trabalhar, sacrificar-se, providenciar tudo, era algo natural para Assunta. Na família adotiva encontrou afeto, diálogo e muita fé.

Quando conheceu Luís, surgiu nela um amor profundo. Num breve espaço de 14 anos nasceram seis filhos, todos eles acolhidos com profundo amor. Toda vez que lhe nascia um filho, Luís louvava a Deus, mas também vinham novas fadigas.

Depois de 14 anos de vida conjugal, surge a terrível tragédia: o maldito "planeta dos mosquitos". Luís adoece vindo a falecer aos 41 anos de idade, vitimizado de malária, deixando Assunta viúva aos 34 anos com seis filhos, sendo eles: Tereza, a caçula (2 meses), Ersília (2 anos), Alexandre (5 anos), Mariano (7 anos), Mariazinha (9 anos e meio) e Ângelo (11 anos).

Assunta viu-se prostrada pela dor. Desde então, somente a fé a sustentou para seguir em frente no amor e fidelidade a vontade de Deus e na dedicação a sua família.

Após a grande perda de Luís, Assunta decide tomar o lugar do esposo na lavoura, em sociedade com os Serenelli. Enquanto isso, os filhos homens mais velhos começaram a dar uma contribuição importante na lavoura. Em casa, Mariazinha dava sempre o melhor de si: ajudava muito a mãe nos trabalhos domésticos e também na educação dos irmãozinhos, ensinando-lhes o amor a Jesus, o respeito aos outros e o sentido de família.

Assunta seguia de perto a educação dos filhos: ensinava-lhes o catecismo e levava-os à missa. Fazia os filhos crescerem no respeito aos mandamentos.

 

O Estilo de Mariazinha

 

No que diz respeito ao ensinamento do Evangelho, Mariazinha recebeu formação de seus pais que lhe transmitiram a fé, por meio do exemplo e de simples palavras. Como também dos padres das várias Igrejas do pântano e de Nettuno, que transmitiam, dentro de seus limites, a Palavra de Deus. Além de dona Elvira, catequista e roupeira, que reunia seus garotos para ajudá-los a aprender o catecismo.

Mariazinha estava sempre muito pronta para servir e amar a todos. Servia-se sempre por último, após ter dado a porção de cada um. Brincava com os irmãos para distraí-los. Tornava-se também educadora deles, mantendo-os sempre ao seu lado, quase como filhos. m educadora deles, mantendo-os sempre ao seu lado, n. o iluminasse o seu dia, e todo pequeno gesto fosse um.

Apesar do analfabetismo e da pouca idade, Mariazinha havia aprendido a ser como Jesus. Sabia somente amar. Um amor aprendido, praticado no dia-a-dia.

A santidade de Maria Goretti cresce e se avalia no âmbito familiar. Após a morte do pai, ela disse: "Mamãe, a senhora vai trabalhar na roça; da casa cuido eu." E assim fez: de manhã à noite, fazendo mil coisas, sempre incansável e atenta, não como quem tivesse de executar um trabalho forçado, e sim, para agradar aquelas duas famílias que o Pai aproximou para viverem sob o mesmo teto. Ela se abria muito com a sua mãe: conversava com ela sobre as suas dificuldades, sobre as coisas que devia fazer no dia seguinte, sobre seus irmãos. Também a encorajava convidando-a a confiar em Deus. Seu relacionamento com a mãe era de uma delicadeza incrível!

Mariazinha tornara-se uma segunda mãe para os seus irmãos. Sempre os levava à fonte, ao rio para lavar roupa, à Igreja, para a missa... E como sabia educá-los! Quando necessário, também os repreendia. Ensinava-lhes também tudo o que sabia sobre o catecismo.

Procurava sempre servir os Serenelli, que também faziam parte da família e lhes queria muito bem, apesar de se mostrarem muitas vezes prepotentes e vulgares.

Esse grande amor que Mariazinha tinha por sua família nascia de sua fé e se nutria de orações. Por isso não hesitou em pedir para fazer a 1ª Comunhão, embora isso implicasse sair com freqüência de casa e dedicar-se menos tempo à família. Contudo, ela soube se organizar; e o resultado da comunhão foi o propósito que confiou à mãe: "Serei cada vez melhor."

O projeto de vida de Mariazinha era muito simples: sim à vida em Jesus, não à morte que não pertence a Jesus e não são os seus valores.

 

A Eucaristia e Mariazinha

 

Mariazinha desejava muito fazer a primeira comunhão. Perguntava à mãe: "Mamãe, quando é que eu vou fazer a 1ª Comunhão?" A pergunta soava um tanto estranha, uma vez que ela "ainda não tinha idade" para receber esse sacramento. Na época tinha apenas dez anos e até a reforma de Pio X, em 1910, não se admitiam as crianças à 1ª comunhão antes dos doze anos. Mas para ela isso não era problema.

Na verdade, Mariazinha não dispunha de muito tempo livre. Sua vida era uma correria só, desde o amanhecer até a última oração. A distância das Igrejas (Conca 2 Km; Campomorto 5 Km) não era empecilho  para ela, já que a mesma era acostumada ao trabalho. Nem mesmo as dificuldades com relação ao traje fizeram com que Mariazinha desistisse de seu ideal.

Na comunhão sacramental encontraria a força para impulsionar o seu projeto de serviço à família, seu amor à mãe e aos irmãozinhos, seu respeito a Alexandre e ao pai dele. Jesus-Eucaristia seria para ela a referência na luta cotidiana, nas opções, nas provações diárias que agora tinha que enfrentar sem a "proteção do papai".

Agora que seu pai estava no céu, seria preciso encontrar uma força nova, alguém que a guiasse e orientasse nas dificuldades da vida. E tal pessoa, ela a identificou imediatamente em Jesus.

A conformação com Jesus, na comunhão fazia-a viver sempre mais o espírito das bem-aventuranças. Imitava o coração "misericordioso" de Jesus, que veio "para servir e não para ser servido."

Eram bem-aventuranças cotidianas que se apoiavam nas missas do domingo, que ela freqüentava sempre e lhe custavam duas horas de caminhada. Na Igreja, mantinha um comportamento exemplar, sem olhar de um lado para o outro. Essa fidelidade às missas nas diversas Igrejas do pântano é o fio condutor que une a Eucaristia e a santidade vivida no dia-a-dia.

Não é por acaso que sua frase final, no dia de sua primeira comunhão, tenha sido esta: "Mamãe, de hoje em diante, vou me tornar cada vez melhor". Esse dia foi o nascimento de Jesus dentro dela. O encontro com Jesus era a meta dos seus desejos.

Para Mariazinha, comunhão não era "festa", consolação, evasão de suas duras condições de vida, como menina sem infância, tendo de assumir responsabilidades de adultos, num ritmo superior às suas forças.  Ao contrário, a comunhão se tornara o ponto de apoio para enfrentar melhor, com amor e fidelidade, as tarefas que pareciam querer esmagá-la.


A presença de Nossa Senhora na vida de Mariazinha


 Na história dessa garota há um quadro que serve de fio condutor nas três etapas do seu pequeno êxodo de filha de pobres camponeses emigrantes: é o quadro de Nossa Senhora, que sua mãe lhe havia dado. Mariazinha o levou consigo de Corinaldo para Paliano e de Paliano para Ferriere de Conca. Maria, cujo nome era também o seu, servia de modelo para o seu projeto: foi uma mulher inserida na história do seu tempo e de seu vilarejo, totalmente guiada pela Palavra de Deus, num caminho difícil e misterioso, mas fecundo de vida para ela e para todos. Como Maria, Mariazinha também se fazia "serva" por amor: o seu sim era simples, imediato, quase natural. Como Maria aos pés da cruz, essa menina, por ocasião da morte do pai, teve a coragem de propor esperanças e se colocar à disposição, garantindo: "Sobreviveremos, mamãe... Deus irá nos ajudar!"

Como Maria, ela também era atenciosa em tudo, colocando-se sempre à disposição de todos, a ponto de ser para os irmãos menores "mais mãe do que a própria mãe".

Como Maria Santíssima, ela também optara por Deus e o seu Reino. Sentia-se frágil, por isso rezava muito. O terço lhe era indispensável. Quase sempre levava o terço nas mãos.

 

 

O Dia do Martírio

 

Numa tarde quente nos pântanos de Ferrieri de Conca, enquanto ocupava-se de suas tarefas, após inúmeras insinuações, convites e até mesmo ameaças de morte por Alexandre, que sempre, após uma insinuação, ameaçava-lhe matar sua mãe, caso esta soubesse do acontecido. Enlouquecido pelo desprezo e rejeições da menina, que lhe fugia ao ouvir os insultos, carrega Mariazinha para dentro de casa, longe de sua mãe, irmãos e vizinhos, que trabalhavam, então, tenta violentá-la, sendo combatido pela casta garota que defende sua pureza, avisando-lhe da pena de tão grande loucura, dizendo: "Não, Alexandre! Deus não quer...é pecado! Que faz, Alexandre?! Não me toques...vais ao inferno...", enquanto ouve novas ameaças de morte feitas por ele, que encontrava-se com um punhal na mão. Mariazinha resiste bravamente às seduções de Alexandre, até o momento que este cumpre sua promessa, e rejeitado, novamente por Mariazinha, lhe crava o punhal quatorze vezes, no peito e no ventre, deixando-a quase morta para ser encontrada pela família.

É resgatada ainda viva e, levada ao hospital, profere o perdão que garante para si o céu e para Alexandre uma vida nova, dizendo ao padre que, anteriormente, lhe havia dado a Primeira Comunhão: "Sim, eu também (como Cristo, que perdoou o ladrão arrependido), por amor a Jesus, o perdoo... e quero que ele venha comigo ao céu..." Mariazinha, apesar do esforço dos médicos, vem a falecer.

Alexandre, depois de longos anos de frieza, sem demonstrar arrependimento, se converte ao saber do perdão de Mariazinha, extremamente arrependido, chorando amargamente o crime cometido. Ele cumpre a pena e, estando livre, busca o perdão de Assunta, mãe de Mariazinha que lhe aceita o pranto maternalmente. Ele inicia outra vida, trabalhando como irmão leigo num convento dos Padres Capuchinhos vivendo santamente sua nova vida até o fim.

Maria Goretti é elevada aos altares pelo então Somo Pontífice, o Papa Pio XII, em 25 de junho de 1950.

Santa Maria Goretti é considerada a mártir do Século XX pelo seu exemplo de pureza, amor, doação e perdão!

Santa Maria Goretti, rogai por nós!